por Gustavo Valladares
Quarta-feira, 29 de maio de 2013, oito e meia da noite, clube de jazz Sunset, localizado no nº 60 da Rue des Lombards, bem no centrão de Paris.Chuva forte, metrô na porta, casa lotada, atmosfera rock’n’roll, cerveja gelada, sonzeira da Eric Ter Band rolando no palco.E eu, acompanhado por minha esposa e alguns amigos.Pronto, a configuração estava completa.
Era a segunda vez que eu tinha a oportunidade de conferir, in loco, uma apresentação ao vivo desse guitarrista francês de Blues/Rock que iniciou sua carreira ainda na década de 70, sob o forte impacto causado, principalmente, por Jimi Hendrix, Bob Dylan e Frank Zappa, artistas a quem ele teve a oportunidade de assistir, na capital francesa, quando ainda adolescente.
Conheci o trabalho de Eric Ter em 2007, quando fiz uma pesquisa sobre o rock francês, para um programa de rádio que apresento junto a meu amigo Sergio Duarte, o ROCK FLU (http://www.rockflu.com.br).Através do site da Socadisc, distribuidora que, na época, tinha grande importância em promover álbuns independentes lançados em todo o continente europeu, travei contato com a faixa “Dessin Codifié”, então disponibilizada para dowload gratuito, ela que fazia parte do álbum Barocco, lançado quatro anos antes.
Para o especial de rock francês no ROCK FLU, tínhamos interesse em registrar, além das faixas apresentadas no programa e das diversas informações sobre as bandas e sobre a cena de Rock local, de ontem e de hoje, alguma participação ao vivo de um músico francês, que pudesse interagir naquela brincadeira conosco, de alguma maneira.Pois foi com Eric Ter que fizemos contato, por e-mail, e o músico logo mostrou-se solícito, gravando pouco depois uma mensagem conosco, via Skype, que foi ao ar na edição nº 27 do ROCK FLU, de junho daquele ano.
A faixa de sua autoria, detonada naquela edição, porém, não foi “Dessin Codifié”, inicialmente selecionada, e sim “Guitare Blues”, um petardo que, na época, ainda era inédito, e faria parte do álbum homônimo que seria lançado apenas alguns meses mais tarde.
Dois anos depois, pude visitar, de férias, a capital da terra de Napoleão, em que tive a sorte de poder assistir ao músico ao vivo, numa pequena apresentação acústica, bem diferente, no entanto, do que vi no palco do Sunset, na Cidade-Luz, há algumas semanas.
Em maio de 2010, rolou ainda a oportunidade de poder registrar, em vídeo, uma entrevista com o guitarrista, que foi ao ar aqui mesmo no ROCK COMPANY, pelas ondas da TV Focus, de Nova Friburgo/RJ, num programa também dedicado inteiramente ao rock’n’roll produzido na França.
Este websode foi recentemente também disponibilizado na internet, através da série “Rock Company – Archives”, em que o programa revive os seus melhores momentos, dos anos em que ainda não estávamos online.
Confiram o especial de rock francês e a entrevista de Eric Ter para o ROCK COMPANY:
Eric Ter vive, hoje, um momento especial em sua carreira, após o lançamento de “Soundscape Road” (selo Dixiefrog), álbum que vem sendo muito bem resenhado, inclusive por importantes veículos de informação franceses, como é o caso da coluna de música do jornal LE MONDE,
por exemplo, e da conceituada revista BLUES MAGAZINE que, em seu nº 68, destaca uma entrevista especial com o guitarrista.
O músico já teve, como companheiros de banda, grandes nomes que estão inseridos na própria História do Rock. Seu segundo álbum, “Sirkel & Co.”, de 1976, talvez seja o melhor exemplo, já que contava com ninguém menos que o guitarrista Mick Taylor, ex-integrante dos Rolling Stones.Eric Ter já teve oportunidade de tocar, também, com outros nomes bem conhecidos, como o baterista Collin Allen (John Mayall Band, Donovan, etc.), o tecladista escocês Ronnie Leahy (Stone The Crows, Jack Bruce, Jon Anderson, Nazareth), e o baixista Gordon Raitt, apenas para citar alguns.
A recente apresentação da Eric Ter Band, no palco do Sunset, contou com um line-up de cinco músicos tarimbados: Eric Ter (guitarra, vocal), Daniel Cambier (baixo), Jean-Bernard LePape (bateria), Hubert le Tersec (teclados), e Laurent de Gaspéris (guitarra). O repertório do show
foi composto majoritariamente por faixas retiradas de “Soundscape Road”, o seu álbum mais recente, como era de se esperar. Eric Ter passeou, no entanto, por outros diversos momentos de sua carreira, tendo como destaques, segundo a reação do público presente, números como a já citada “Guitare Blues” e principalmente “Hollywood”, que são faixas cantadas em francês. É curioso notar que o músico, através de toda a sua carreira, registrou sempre cerca de metade das faixas em inglês, e a outra metade no seu idioma nativo, o francês, o que contribui para
o seu trabalho ficar ainda mais peculiar.
“Soundscape Road” é destaque absoluto no site oficial do guitarrista, que vale a pena visitar: http://www.ericter.net. O álbum, no entanto, possui apenas composições em inglês, estratégia que o músico adotou numa tentativa de atingir, mais especificamente, o mercado internacional.
Eric Ter já se apresentou nos Estados Unidos, na Inglaterra e em praticamente todos os países da Europa, porém nunca visitou a América do Sul.
Pois talvez tenha chegado a hora. Fica aqui, portanto, essa dica do ROCK COMPANY: seu repertório cairia como uma luva em festivais de Blues & Jazz, por exemplo, como os de Rio das Ostras/RJ, Ibitipoca/MG, Ilha Blues e Best of Blues/SP, ou mesmo no BMW Blues, evento que será realizado no Rio e em São Paulo.Sem falar no aguardado Oi Blues By Night, principal projeto itinerante de blues no país, e um dos mais antigos eventos do gênero, que vai para sua 11ª edição. Ele vai até novembro, passando por seis capitais do nordeste (Recife, Fortaleza, Maceió, Natal, João Pessoa e Teresina), e este ano estende-se ainda a Campina Grande (PB) e a uma das mais belas praias do país, Porto de Galinhas, no município de Ipojuca (PE), onde todos os shows serão ao ar livre. O elenco, segundo já se anuncia em alguns sites, provavelmente terá os guitarristas Jimmy Burns e Lurrie Bell, o cantor Mud Morganfield e o saxofonista Atiba Taylor, além de muitas atrações nacionais e internacionais.
Quem sabe, não teremos também por aqui, numa dessas, a chance de curtir um bom Blues/Rock made in France.
_______________________________________________________________________________________________________________________________
Créditos do material fotográfico: Ariane Valladares, Séverine Robic e Jean-Pierre Charlet.